terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Mídia

Adoro o Discovery Channel. Não apenas pelo conteúdo, mas até o nome é atrativo "Canal do Descobrimento". Muito bom, soa tão enriquecedor. Infelizmente, por uma questão de tempo, não assisto com a mesma frequência com que gostaria. Até mesmo porque os melhores documentários passam no horário em que eu estou trabalhando.


Foi no discovery que aprendi a ironia do Oxigênio: nós não vivemos sem ele (por motivos óbvios), mas é exatamente ele responsável pela nossa morte (motivos não tão óbvios). Tem algo haver com mitocôndrias e a liberação de radicais livres que atacam nossas células. Enfim, não me lembro muito bem. Também com a ajuda deste canal aprendi um pouco sobre como se identificam buracos negros e o poder devastador que eles tem, a história de Tutancamon, o faraó assassinado tão novo... Enfim, tanto conhecimento que, sem dúvida, está armazenado em algum lugar do meu inconsciente.


O drama de se assistir o Discovery Channel, especialmente para espectadores não tão fiéis quanto eu, é que ele nos dá uma falsa sensação de conhecimento adquirido. Digo falsa porque a menos que o programa seja gravado é quase certo que em menos de uma semana depois você não lembrará dos primeiros 15 minutos do programa, quanto mais das duas horas que ele durou.


Ok! Eu sei, estou sendo um pouco injusto com esse ótimo canal. Essa não é uma peculiaridade apenas do Discovery Channel, mas da mídia em geral. A coluna do Paulo José Cunha do dia 23 de novembro falava a este respeito: 82% dos espectadores do Jornal Nacional não lembrava do que haviam visto no jornal 8 minutos depois que este acabara.

Estamos vivendo uma era de informações relâmpagos que fornecem apenas uma falsa  idéia de conhecimento adquirido. A intenção é "informar", sem informar: o espectador tem que tomar conhecimento da realidade em que vive, sem tomar consciência desta realidade. Uma sociedade, seja ela desenvolvida ou em desenvolvimento (caso do Brasil), precisa de uma massa de pessoas que conheçam, pois isso é bonito para a imagem do país no exterior - ninguém quer um vídeo "Brazilians are not stupid" de seu país na internet, não é mesmo? No entanto uma massa nunca pode ser pensante, caso contrário não é uma massa, são indivíduos conscientes.

A mídia é a grande arma, seja do estado ou de quem detém o poder, para manipulação desta massa. Por trás de todo meio de comunicação influente: o  jornal que você lê pela manhã e a novela que assiste no jantar, existe alguém puxando as cordas das marionetes. Vide o caso da Folha que, na semana passada publicou um artigo de Cesar Benjamin na qual este último acusava o Presidente Lula de organizar uma curra contra um companheiro enquanto ficara encarcerado em meados da ditadura. Uma acusação grave, especialmente contra o Presidente da República, visto a repercussão negativa que gera no exterior. É de se esperar o mínimo: fontes confiáveis, averiguação, direito de defesa do acusado, enfim um mínimo de preocupação com transmissão da informação. Ou não.


A repercussão foi negativíssima, felizmente, para a Folha. Pois acontece que a fonte (Cesar Benjamin), não parece ser muito confiável - procurem dar uma pesquisada no google que não faltarão comentários sobre o ocorrido. Enfim, este é apenas um exemplo atual de que a mídia hoje em dia tem preocupações mais nobres do que a informação do seu público. 

Se quiserem mais informações sobre o ocorrido com a folha, seguem alguns links:




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