domingo, 5 de dezembro de 2010

Domingos...

Domingo é um dia deprimente. Primeiro porque antecede a segunda-feira, então ficamos naquela triste expectativa de que no dia seguinte teremos de acordar cedo e trabalhar. Segundo porque é um dia simplesmente medíocre: nada abre, nada passa na televisão e ninguém tem vontade de fazer nada.
Em domingos como este, de hoje, costumo transitar do computador, para cozinha, para sala, para o computador, para a cozinha. Não necessariamente nesta ordem. Rodo os canais entre os programas de auditorio habituais e me deparo com os jogos dominicais que as donas de casa e sonhoras de idade devem amar. A televisão virou um imenso freak show que a gente paga pra ver.
Um fato que eu acho curioso é a imensa banalização do amor que estes programas promovem. Pessoas unidas no palco para deleite da plateia que aplaude como um final de novela. Casais que vão para frente da televisão expor o quão ignorantes são um sobre o outro ou, pior, expõem mais do que gostaríamos de saber sobre o parceiro. O amor é ridículo e não no sentido meigo e poético de Fernando Pessoa, mas naquele sentido que te faz ter dó!
 
Somos uma geração de imediatistas buscando relacionamentos significativos, mas com prazos de validade. Pulamos através das relações buscando inspiração, paixão, amor, intensidade e não nos damos conta de que para tudo isso é preciso tempo. Não são  necessários anos, mas é preciso de tempo de interesse. Nós paramos de nos interessar pelas outras pessoas, porque estamos ocupados demais inventando desculpas.
Casamento virou tradição, é costume, código cultural incutido no nosso subconsciente, assim como o divórcio. E com o tempo ele vai se banalizando cada vez mais até o ponto em que perde seu status de elo profundo entre o homem e a mulher. Basta juntar. Enfim, nós vamos construindo relações que são cada vez mais fáceis de serem desfeitas porque não temos tempo a perder.
Quando buscamos conhecer, conhecemos pouco. O ser humano é múltiplo, multi-facetado, quase esquizofrênico e, ainda assim, nos satisfazemos com pouco. Temos vários amigos em diversos grupos para não nos darmos ao trabalho de conhecer a fundo cada um deles. Escolhemos o grupo conforme o humor do dia: os descolados, os intelectuais, os baladeiros, os caseiros e por aí vai. Somos pessoas em 140 caracteres e nos reduzimos a isso quando partilhamos nossa vida. Não nos expomos mais, não compartilhamos nada que seja realmente interessante, permitimos acesso somente ao superficial de nós.
Desta forma, as relações hoje em dia não ultrapassam essa camada superficial. Ao menos não até o momento em que, obrigatoriamente, somos levados a conhecer o outro seja por qualquer circunstancia esporádica da vida.
O quão bem nós conhecemos as pessoas com quem nos relacionamos? Quanto é que nos interessamos por suas vidas? Eu confesso que ultimamente tenho me interessado pela vida dos outros tanto quanto me interesso pelos domingos. Lamentável.

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