segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Übermensch

Nietzsche, um pensador que eu admiro muito, acreditava que a verdade está no movimento. Ou seja, a verdade não é estática, absoluta e única, pelo contrário, estes são os dogmas, os ídolos que ele fazia questão de destruir. A verdade é a transgressão do estado atual em um novo e assim sucessivamente, é neste movimento que ela reside. Alguns especialistas dizem que ele foi o primeiro pensador a estabelecer o que seria o homem moderno, o homem de agora. 

As vezes me pergunto o que ele diria do homem moderno agora. Hoje em dia vivemos numa sociedade faustica, em que o homem tem as ferramentas para o seu crescimento e é, somente ele, o responsável pelo seu próprio desenvolvimento. Com certeza o pensamento de Nietzsche seria muito melhor compreendido hoje, do que no final do século 19. Mas, por outro lado, a impressão que me dá é a de "lobo em pele de cordeiro". Os avanços tecnológicos nos permitiram ser um tipo de homem que não estamos preparados para ser, com isso o "Deus morto" que Nietzsche defendia (a queda da moral cristã, da vida teocêntrica) foi ressucitado. O "homem moderno" sucumbiu, em desespero, ao niilismo, à necessidade de ser obrigado a assumir responsabilidades e preferiu voltar ao estado de escravo. 

Nietzsche queria o rompimento do homem com moral dualista cristã: o bem e o mal, a luz e a treva, recompensa e castigo. Uma forma de pensamento que privilegia o dogma em detrimento da verdade. Por isso me pergunto, como reagiria Nietzsche atualmente? Temos as ferramentas para transgredir, temos um sistema que nos permitiria isso, mas, ainda assim, não o fazemos. Substituimos uma moral pela outra, a cristã pela capitalista, quando, na verdade, deveríamos ser amorais. O homem como dono de si mesmo, como criador de si mesmo.

Pensando bem, é perfeitamente aceitável dizer que ainda hoje o pensamento de Nietzsche seria incompreendido. Por mais que avancemos tecnologicamente a uma velocidade absurda, a evolução da mente humana caminha a passos de tartaruga, puxada por um pequeno grupo de pensadores que tentam exasperadamente transformar o homem naquilo que ele deve ser: um übermensch.

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