terça-feira, 22 de junho de 2010

"A complete history of my sexual failure"

Madrugada de segunda para terça-feira, ligo a televisão e começo a assistir este documentário de caráter dubitável. É basicamente a história de um cineasta britânico que, três semanas após receber um fora da última namorada, conclui que sua vida amorosa está em decadência. Para resolver o problema resolve embarcar numa cruzada através do seu passado amoroso entrevistando cada uma de suas ex-namoradas (aquelas que aceitaram falar com ele, é claro).

O que antes era duvidoso acabou se mostrando engraçado e na comédia encontrei uma certa simpatia com este protagonista sem noção, mas, ao que tudo indica, realmente interessado em encontrar a solução do seu fracasso. E o desfecho da história, devo acrescentar honestamente, é muito bom (emocionante). 

Fiquei imaginando o que diriam minhas ex-namoradas: será que me querem bem? será que me veem como uma pessoa apresentável? será que as fiz feliz pelo tempo que ficamos juntos? ou, se não, será que as machuquei demais? Não são poucas as testemunhas que comprovam o meu sofrimento em algumas relações, mas aproveitei bem minha vida amorosa até o momento.

O fato é que são poucas as vezes que paramos para pensar nisso. Temos o hábito de "ir levando": nos ajustamos a uma rotina que praticamente conduz um relacionamento até o momento de seu fim. Dificilmente pensamos o quanto esse trajeto deveria ser marcante, ou como podemos fazer diferença na vida da outra pessoa. Aliás, não sabemos nem mesmo se isso é algo com quem devemos realmente nos preocupar.

"O que eu veria se fizesse uma viagem aos meus relacionamentos passados?"

Eu sei apontar as mulheres que foram realmente importantes para mim. Que me ensinaram e que até hoje estão marcadas em mim. Tenho consciência que não fui uma pessoa marcante para algumas mulheres com quem saí, mas será que para essas que me marcaram eu lhes deixei ao menos um vestígio? No final das contas, para aquelas que realmente importam houve uma ruptura da inércia? 

Bons relacionamentos se fazem nessas rupturas. Alguém que nos tire da constância e conformidade e nos conceda a mesma liberdade. Relacionamentos válidos são assim e qualquer coisa abaixo disso é passatempo. Álvarez de Azevedo, poeta ultraromântico do século 19, escreveu em um de seus poemas que seu epitáfio fosse: "Foi poeta, sofreu e amou na vida"... Na vida, tudo deve ecoar pela eternidade.

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